11.6.18

Gal Barradas fala sobre semiótica e publicidade

Héber Sales


Há quase dois anos, inaugurei o Grupo de Pesquisa em Semiótica Aplicada à Publicidade e Propaganda (GPSPP), que é certificado no CNPq pelo UNASP, Centro Universitário Adventista de São Paulo.

Além de investigações científicas, desenvolvemos também estudos para o mercado. É nessa fronteira que produzimos conteúdos como esta entrevista com a Gal Barradas, a única mulher entre os 10 publicitários mais admirados do país.

Além de ser uma empresária de destaque, eleita executiva do ano pelo Prêmio ABP em 2016 , Gal tem uma especialização em semiótica pela Universidade de Paris. Ela é uma daquelas pessoas que, com a mesma desenvoltura, fala tanto ao mercado como à academia.

Na primeira parte da nossa conversa, discutimos então sobre como a semiótica pode contribuir para a publicidade e a propaganda.




O papo foi longo. Por isso, dividimos a entrevista em quatro partes. As demais podem ser vistas em nosso canal do GPSPP no Youtube.

6.6.18

As eleições do Whatsapp

Héber Sales


Quando muitos esperavam ver, graças à liberação de anúncios dos candidatos na rede, as eleições do Facebook, eis que descobrimos que a principal arena de luta política no Brasil pode ser outra: o Whatsapp.

A greve dos caminhoneiros, organizada de forma horizontal e viral por meio desse aplicativo, parece ser aquele turning point que faltava.

Enquanto o Congresso Nacional discute leis para barrar a onda de fake news no Facebook, fenômeno que ganhou destaque a partir da campanha de Donald Trump nos EUA, os brasileiros se informam cada vez mais por meio do mensageiro instantâneo.

Nele, é mais difícil detectar a origem de uma fake news.  Isso porque as mensagens que fluem de um ponto a outro são criptografadas e muitos utilizam um número de telefone pré-pago.

O movimento dos caminhoneiros parece ser mais uma evidência de um processo mais amplo de desinstitucionalização e de crise da representação em nossa sociedade (e não apenas nela).

Alheios aos sindicatos, associações e partidos, a categoria se organizou como uma pirâmide de grupos no Whatsapp. Entre eles, fluía livremente demandas de vários níveis, com a voz local ganhando relevância tanto em termos de pauta quanto de liderança.

O Governo Federal ignorou a nova ordem de coisas e se deu mal ao anunciar precocemente o fim de uma greve que continuou por alguns dias mais. Em São Paulo, o governador, assistido por alguns assessores mais antenados, reconheceu a força do Whatsapp e usou um grupo para reunir representantes da citada pirâmide, conseguindo deste modo uma interlocução mais produtiva e consequente.

Fica aí a lição para partidos, políticos e empresas também. Assim como os cidadãos, os consumidores organizam-se nesse novo meio.

Entre os mais jovens, conforme já discuti, o Facebook perde a relevância como fonte de informação. O Instagram, mídia social em que agora consomem mais conteúdo, é por onde se informam cada vez mais sobre produtos e serviços.

Um estudo da Pública, agência de jornalismo investigativo, informa que os jovens estão se afastando de páginas engajadas e interagindo mais com a imprensa tradicional, que usa uma linguagem mais neutra.

No processo, muitos deles, assim como o público mais adulto, usam o Whatsapp para compartilhar notícias e checar informações. E o cidadão está ficando escolado nisso, aprendendo a lidar com as fake news.

5.6.18

Como lidar com as fake news

Héber Sales

O problema das leis que vêm aí contra as fake news é definir o que é uma fake news.

Muitos políticos e governantes, quando se sentem acuados por certas notícias hoje em dia, taxam-nas logo de fake news.

Donald Trump, nos EUA, tem essa mania. Várias vezes, quando a imprensa revela dados que sugerem seu envolvimento com práticas fraudulentas, ele simplesmente responde: é fake news.

O desejo de censurar não é privilégio da direita, lembremo-nos. O governo petista, em vários momentos, pensou em regular mais duramente a mídia e, nos países comunistas de ontem e de hoje, nem a imprensa nem os cidadãos têm direito à livre manifestação.

Por aqui, durante o movimento dos caminhoneiros, Temer e seus assessores fizeram pouco caso de notícias que circulavam no Whatsapp sobre a mobilização da categoria.

Da primeira vez, há alguns dias, erraram. A greve continuou, apesar de terem anunciado seu fim após reunião com representantes dos caminhoneiros que pouco representavam (o movimento se organizava horizontalmente por meio do Whatsapp, como um vírus, sem comando central).

Nos últimos dias, monitoraram a rede mais de perto. Vacilantes, afirmavam ontem que provavelmente não haveria paralisação nesta segunda.

Nos grupos dos quais participo, a troca de informações foi intensa. Havia um esforço coletivo para checar o boato. Depois de conversar com um e com outro, quase ninguém acreditava que haveria uma nova greve.

O cidadão esta ficando escolada em fake news e parece muitas vezes mais esperto do que as autoridades na hora de lidar com elas.

De fato, as buscas por "o que é fake news" explodiram no Google desde outubro/2017, o que sugere que o melhor antídoto contra as fake news pode ser simplesmente mais news, e não mais governo.

Dia 19/06, na UFU, vou falar um pouco mais sobre esse assunto durante o XI Workshop GELS. Na minha conferência, abordarei "O signo ideológico na era das mídias sociais: fake news, pós-verdade e plurilinguismo".

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