30.9.13

A função poética na publicidade e no branding

Não há muita novidade nisso. A publicidade e o branding há muito tempo pedem ajuda à função poética.

Não estou falando de ajuda sentimental. A função poética não é emotiva, mas formal. Como sugeriu Roman Jakobson, seu negócio é surpreender as pessoas por meio da organização inesperada da matéria significante - é trabalho estético.

Transgride-se códigos e sub-códigos de modo a perturbar o automatismo da percepção e sugerir novos olhares: inusitados, curiosos, estimulantes.

A manobra pode ser aplicada a uma ideia qualquer. Por exemplo, uma frase tão manjada ou coloquial quanto "saia de bicicleta".

Coloque-a num outro contexto, faça uma associação com moda, tendência, com shopping elegante e sustentável. Depois mexa na forma da expressão: quebre a linearidade da oração, destaque a palavra "saia", brinque com seu duplo sentido, assim:

Criação da agência Nuve para fan page do Salvador Shopping

Pronto, você capturou o olhar inquieto do internauta e excitou a imaginação do leitor com uma peraltagem semiótica. O sorriso cúmplice no rosto do fã informa: o engajamento está garantido.

1.9.13

A semiótica do vazio

O vazio budista não poderia ser melhor explicado. Ugo Volli escreve como um mestre zen em seu Manual de Semiótica:
"Os objetos reais não significam nada, ao menos até que sejam percebidos como coisas autônomas por uma sociedade, tornando-se assim unidades culturais que podem ser nomeadas".
Ou, como explica a Neo, no filme Matrix, o menino paranormal: "não é a colher que entorta, é a sua mente".