28.9.12

O texto publicitário nas redes sociais

Há algo de novo na linguagem publicitária. Basta ver a polêmica que certas imagens causam no nosso meio profissional.

Ontem mesmo ouvi um criativo condenar a seguinte imagem do Bradesco: "eles romperam muito bruscamente com a linguagem mais sóbria que a marca costuma usar em sua publicidade".

A imagem do Bradesco no Facebook possui características de meme
Peça do Bradesco no Facebook ilustra "humor da internet"

Eu diria que é uma tendência entre as marcas nas redes sociais. E não me refiro ao rompimento com a linguagem sóbria, até porque humor e publicidade andam de mãos dadas há muito tempo, graças a Deus.

Talvez seja melhor dizer: as marcas estão adotando um tipo diferente de humor, o humor da internet.

Mais: elas estão praticando o "culto ao amador" numa tentativa de parecerem companheironas, falar de igual para igual, e não de cima para baixo, e, com isso, obterem mais engajamento e alcance viral.

Não coloco isso como verdade, mas como hipótese. Vamos discuti-la, e muito: não é assunto para se esgotar neste post.

A propósito, eu já escrevi sobre isso aqui no blog em A orkutização da cultura e do branding. Nesse texto, refleti sobre o uso do formato "meme" pelas marcas e sugeri alguns critérios para decidir se vale à pena embarcar ou não nessa onda.

Até porque não é só o "meme" que é meme. Explico: o meme é qualquer conteúdo ou significado transmitido de uma pessoa a outra até contaminar todo um corpo social.

Sábado passado, por exemplo, foi o Dia Mundial sem Carro e várias marcas pegaram carona na bicicleta, um artefato cultural que está virando um ícone-meme do movimento verde.

Pois bem, na agência Nuve, cometemos uma peraltagem semiótica que funcionaria bem tanto na mídia impressa quanto funcionou no Facebook.

Imagem do Salvador Shopping no Facebook não segue formato de humor nerd
Peça do Salvador Shopping publicada no Facebook

Mencionei essa peça para vocês verem que, apesar de muitas marcas terem abraçado o humor nerd à brasileira, há muitos outros caminhos criativos para se conseguir mais engajamento de fãs e seguidores. Importante mesmo é considerar qual deles tem mais a ver com a sua marca e o seu público.

Leia também: A orkutização da cultura e do branding.

3 comentários:

  1. Otimo Post, Heber! Mas isso nada mais é do que o velho e bom "gancho publicitário" ou "anúncio de oportunidade" ou como quiser conceituá-la. Achei o anuncio do Bradesco bacana, tudo bem que saiu completamente do posicionamento deles, ficou um pouco amador, já que não é a linha de comunicação que a marca constuma abordar. Mas acho que vale tentativas como essa. Não vi o know how que esse anuncio atingiu, mas gostando ou não, estamos aqui para arriscar, tentar novas formas e meios de comunicação. Boto fé. Dou ponto pra tentativa.

    E você anda sumido. Vamos tomar um café semana que vem!

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    1. Com certeza, Mel, precisamos buscar sempre novas formas para surpreender e engajar, ainda mais num meio em que a audiência tem um comportamento tão peculiar.

      Mas uma marca é uma marca por ter uma identidade própria, o que exige, para falar de um outro jargão publicitário, de um mínimo de "unidade" na comunicação ao longo dos vários meios.

      Na próxima semana, eu estarei no Rio, mas na outra vamos tomar esse café sem falta!

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  2. Muito bom o post. Toca em um aspecto que os comunicadores ainda estão testando para as marcas. Apesar do posicionamento criado em mídia paga, as redes sociais têm uma linguagem própria, que nem sempre corresponde ao posicionamento originalmente planejado. Conversar é diferente de anunciar.

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