A febre em torno do assunto me lembra aquele verso do Cazuza: "eu vejo um museu de grandes novidades". Pude resumir minhas ideias a respeito num bate papo rápido ontem. Em respeito à privacidade do meu interlocutor, dei um nome fictício à ele. Preservei a linguagem informal de um chat no GTalk, sem muito respeito à ortografia e à pontuação.
Eduardo: as vezes eu vejo um futuro com a extinção de grandes portais e sites corporativos
e a navegação sendo dominada pelo twitter e facebook, inclusive as buscas
Héber: tb vejo assim, e não nos esqueçamos da integração de buscas e redes sociais do Google+
vejo as marcas proporcionando grandes experiências sócio-culturais nesses ambientes
uma marca vale pela sua capacidade de conectar as pessoas entre si
e de proporcionar a elas a visão de um possível mundo comum
Eduardo: mas se formos além
esse paradigma já foi alcançado por algumas marcas, beleza
mas onde está a vanguarda da internet hoje?
ainda é o facebook?
Héber: é a internet móvel e a ubimídia
mas também nessas plataformas a condição humana será a mesma: um ser em busca de sentido
um sentido que só se torna real para o indivíduo quando é compartilhado
o compartilhamento exige expressão e interação
trocas simbólicas
é preciso recorrer a linguagens
que em si são produto de interações - são construções sociais em permanente transformação
no final das contas, em qq plataforma, vivemos a grande odisséia humana: dar sentido à vida e às coisas por meio de sistemas de símbolos
Eduardo: qual é a vanguarda da relação social?
pois tudo que você descreveu ai são interações que, hoje, não são menos reais por serem virtuais
o alcance e tangibilidade do atual mundo "virtual" vai extinguir a cibercultura, não ?
No final é tudo cultura
Héber: concordo
estamos nos tornando seres cada vez mais culturais
a cultura sempre foi uma virtualidade
um sistema de significados compartilhado
existe como ideia na cabeça das pessoas
o mundo digital torna mais visível essa virtualidade que é a cultura
liberta ainda mais o ser humano das limitações físicas
lembre da tecnologia kinect no xbox
graças à ela, por exemplo, mais pessoas podem se sentir dançarinos de break, atletas, guerreiros, etc.
veja tb como a identidade é trabalha nos avatares
as fotos refletem menos a condição física da pessoa do que a identidade que elas gostariam de ter
o digital é a última fronteira na conquista da natureza pela cultura
Eduardo: e as interfaces?
digo, o futuro das interfaces é se tornarem transparentes
e a transparência vai chegar a um nível de inexistência simbólica
pq a única barreira física entre a cultura e a cibercultura são as interfaces
Héber: cibercultura é parte da cultura
essa divisão me parece artifical, didática
e a transparência é uma ilusão
vemos tudo por meio de filtros
a realidade é interpretada e representada pela força da imaginação
Eduardo: mas a cultura virtual não é compartilhada por todos
uma questão que acho muito relevante em relação a isso são os memes
podem ser toscos, mas são manifestações culturais virtuais
movimentos que nascem e morrem no ambiente virtual
Héber: no mundo "real", há memes restritos a determinadas culturas ou sub-culturas também
pense, por exemplo, em gírias adotadas por tribos urbanas muito específicas
a teoria dos memes, nem se referia ao mundo virtual quando foi criada
referia-se a um fenômeno do mundo "real"
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