11.12.08

Os limites do conhecimento e como lidar com eles

A nossa mente é pequena demais para tanta informação. O mundo que nos rodeia é imenso, complexo demais, para a nossa cabeça. Para conseguirmos navegar por esse mundo de modo razoavelmente seguro e produtivo, criamos mapas mentais (aproximadamente o mesmo que modelos mentais, esquemas, molduras, enredos, etc., dependendo do referencial teórico), os quais resumem os dados da realidade em categorias conceituais tais como "ocidental", "muçulmano", "terrorista", "instruído", "ignorante", "pobre", "rico", etc.

Também simplificamos a realidade por meio da narração, estabelecendo relações de causa e efeito entre as coisas, ou melhor, entre os nossos conceitos das coisas (relações essas muito mais predominantes na nossa mente do que no mundo real, como argumenta Nicholas Nassim Taleb).

Quando os nossos mapas mentais falham

Usamos mapas mentais para navegar pela realidade. Porém, como ocorre a qualquer mapa, os detalhes lhes escapam.

Além disso, os nossos mapas mentais sofrem um grave problema de atualização (as coisas são muito mais impermanentes do que eles supõem).

O problema ocorre quando confundimos esses mapas com a realidade. Isso nos leva a graves erros de interpretação e de previsão (a aleatoriedade que percebemos no mundo talvez seja, na verdade, gerada pela nossa mente classificatória).

Vamos a um exemplo. Aqueles terroristas que atacaram as torres gêmeas no dia 11 de setembro de 2001 estavam nos EUA há muitos meses e em nenhum momento foram tidos como suspeitos pela inteligência norte-americana. Aparentemente, até então o mapa mental da CIA não relacionava a categoria "muçulmano altamente instruído e rico" à categoria "terrorista suicida" (apenas os "muçulmanos pouco instruídos e pobres" poderiam estar nesta categoria).

Como não ser enganado por mapas mentais?

Como podemos evitar tais erros, fazer previsões mais precisas e tomar melhores decisões? Desenvolvo essa discussão aqui no blog ao longo de vários posts. Há gente, por exemplo, que defende o valor dos mapas mentais, considerando-os ferramentas indispensáveis para orientar a tomada de decisão. Para outros, seguir regras é pedir para ser trouxa. E você, como lida com o conhecimento? Como descobre se o que sabe é mesmo verdade?

3 comentários:

  1. "Cada ponto de vista, é a vista de um ponto" disse Leonardo Boff, teólogo pai da teologia da libertação; de fato, as conclusões que tomamos arrespeito de algo (mapas mentais), são altamente pessoais e relativos, pois a tomamos baseados em conceitos e experiências pessoais. Mas, para validar esses mapas mentais entram em cena os princípios universais, que dão base à "cartografia mental".

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  2. Apenas uma provocação: "O mundo que nos rodeia é grande demais, complexo demais, para a nossa cabeça". Nosso cérebro é um complexo de redes e neurônios interligados (por que não "interlinkados"). Há quem diga que não utilizamos a máxima capacidade deste órgão. o refrão da música cantada por Zizi diz: "A vida leva e traz. A vida faz e refaz. Será que quer achar Sua expressão mais simples?" Se a complexidade está em nós, não somos nós que "complexamos" o mundo? Mais uma vez, apenas uma provocação!

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  3. O zen pensa como você e eu tenho simpatia pela ideia. Na verdade, a ideia do Zen é "complexificamos ao simplificar" (por meio da categorização da realidade, o que é útil, mas tem seus efeitos colaterais...).

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