"O ceticismo floresce quando a verdade é encarada como algo totalmente objetivo. Certos filósofos traçaram com tanta força a distinção entre a aparência que as coisas assumem para nós (a aparência, por exemplo, de que o lápis parcialmente submerso na água está flexionado) e a realidade objetiva das coisas (o lápis na verdade é reto) que desesperam da nossa capacidade de conhecer como as coisas são objetivamente" (em "A Teoria do Conhecimento", p. 16).
Mas e se questionássemos esse pressuposto? E se considerássemos que não há separação clara entre nós e aquilo que chamamos de realidade (como no conceito de "realidade enunciada" de Hannah Arendt)? Como isso mudaria a nossa forma de lidar com a realidade? Talvez nos tornássemos mais criativos e tolerantes, eu imagino.
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Sobre o exemplo na citação acima: a realidade objetiva do lápis não é ser reto. "Reto" é apenas uma idéia usada para descrever certa qualidade do lápis visto a olho nu. Se examinado de outro modo, com microscópio por exemplo, sua superfície não pareceria "reta" (ela pareceria bastante irregular, cheia de pequenas curvas).
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