Redes podem não ser tão alheias às comunidades quanto considera Zygmunt Baumam. Sua visão talvez precise de um olhar mais microsociológico.
A escolha de se conectar ou não a certas pessoas, que, na rede, seria bastante livre, é, em várias situações, fortemente influenciada pelo pertencimento do indivíduo a uma comunidade.
A comunidade profissional, por exemplo, geralmente nos precede e também molda as nossas conexões nas redes sociais on-line: para nos integrarmos melhor à ela, adicionamos às nossas listas de contato muitos profissionais do nosso ramo.
Por outro lado, mesmo em comunidades do mundo físico, podemos observar o atributo essencial de uma rede (nos termos de Bauman): a relativa liberdade para nos conectarmos ou não a outros indivíduos.
Essa é uma condição típica da sociabilidade no ocidente moderno - podermos fazer amigos fora da tribo à qual pertencemos e transitar por várias comunidades ao mesmo tempo.
Redes sociais on-line talvez sejam apenas a mais nova versão de uma sociedade que desde o século XVI tem incentivado os seus membros a construirem projetos de vida particulares sem temer tanto a tradição.
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1.11.12
28.10.12
A arte de viver em rede
A comunidade nos precede. Para fazer parte dela, precisamos acatar as suas regras de funcionamento e, uma vez aceitos como membros, deixá-la pode custar muito caro.
Na rede, a vida parece mais fácil. Deletar um amigo virtual não é tão traumático e constrangedor quanto se livrar de uma amizade no mundo real.
Daí Zygmunt Bauman dizer que "o maior atrativo do Facebook é a facilidade para se desconectar [das pessoas]" (veja entrevista ao final deste post).
Para ele, a rede, ao contrário da comunidade, sucede ao indivíduo: ela nasce da nossa escolha de nos conectarmos ou não a determinados usuários de uma plataforma social.
A facilidade para se desconectar tem um custo porém. Segundo Bauman, vivemos hoje uma sociabilidade que proporciona muita liberdade mas pouca segurança.
Nos últimos cem anos, teríamos ido de um extremo a outro, já que, até o começo do século XX, fazer parte de uma comunidade significava para os indivíduos abrir mão de muito desejos pessoais para se enquadrar em uma ordem grupal que dava bastante segurança mas pouca liberdade aos seus membros.
A condição pós-moderna, tão favorável às ambições individuais, é, no entanto, de uma insegurança ontológica insustentável, argumenta Anthony Giddens no livro Modernity and Self Identity.
Bauman está de acordo. Para ele, a liberdade está nos cobrando um preço alto demais e alguns de nós já estamos dispostos a abrir mão de uma parte dela em troca de mais segurança - movimento que só tenderia a aumentar nos próximos anos.
Qual seria o ponto de equilíbrio? Cada um vai ter que encontrar o seu, responde o sociólogo polonês. Eis a arte de viver em rede.
Leia também: O paradoxo da privacidade on-line.
Na rede, a vida parece mais fácil. Deletar um amigo virtual não é tão traumático e constrangedor quanto se livrar de uma amizade no mundo real.
Daí Zygmunt Bauman dizer que "o maior atrativo do Facebook é a facilidade para se desconectar [das pessoas]" (veja entrevista ao final deste post).
Para ele, a rede, ao contrário da comunidade, sucede ao indivíduo: ela nasce da nossa escolha de nos conectarmos ou não a determinados usuários de uma plataforma social.
A facilidade para se desconectar tem um custo porém. Segundo Bauman, vivemos hoje uma sociabilidade que proporciona muita liberdade mas pouca segurança.
Nos últimos cem anos, teríamos ido de um extremo a outro, já que, até o começo do século XX, fazer parte de uma comunidade significava para os indivíduos abrir mão de muito desejos pessoais para se enquadrar em uma ordem grupal que dava bastante segurança mas pouca liberdade aos seus membros.
A condição pós-moderna, tão favorável às ambições individuais, é, no entanto, de uma insegurança ontológica insustentável, argumenta Anthony Giddens no livro Modernity and Self Identity.
Bauman está de acordo. Para ele, a liberdade está nos cobrando um preço alto demais e alguns de nós já estamos dispostos a abrir mão de uma parte dela em troca de mais segurança - movimento que só tenderia a aumentar nos próximos anos.
Qual seria o ponto de equilíbrio? Cada um vai ter que encontrar o seu, responde o sociólogo polonês. Eis a arte de viver em rede.
Leia também: O paradoxo da privacidade on-line.
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