14.1.09

Sobre a dimensão social da arte

A artista visual e poeta Constança Lucas citou hoje em seu blog uma passagem interessantíssima do livro Cartas sobre Cézzane, de Rainer Maria Rilke.

É o tipo de assunto que me inquieta. Não estou tão certo assim a respeito da autonomia do fazer artístico.

A tensão entre o indivíduo e a sociedade permanece na medida em que o artista, para se expressar, lança mão de estruturas de significados compartilhadas, o que quer dizer socialmente construídas (nem que seja por meia dúzia de adeptos desta ou daquela corrente artística).

O drama é ainda maior para quem está na indústria cultural e joga com a audiência, situação em que a liberdade de expressão artística fica sujeita a uma regulação social mais evidente.

Neste caso, é preciso negociar a criatura artística, desde a sua concepção - e geralmente de modo tácito - junto ao público (por exemplo, as pesquisas de opinião sobre desfechos de filmes), aos produtores, aos gatekeepers, aos patrocinadores, aos agentes do governo, etc., o que acaba fazendo da coisa mais uma invenção coletiva do que uma expressão da singularidade do artista.

A propósito, sugiro a leitura do ensaio A arte como um sistema cultural publicado por Clifford Geertz em seu livro O Saber Local. É mais lenha na fogueira.

Um comentário:

  1. Héber,

    Obrigado pela visita e pelas palavras. Virei aqui outras vezes sim e também colocarei um link do seu blog no meu.


    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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