A artista visual e poeta Constança Lucas citou hoje em seu blog uma passagem interessantíssima do livro Cartas sobre Cézzane, de Rainer Maria Rilke.
É o tipo de assunto que me inquieta. Não estou tão certo assim a respeito da autonomia do fazer artístico.
A tensão entre o indivíduo e a sociedade permanece na medida em que o artista, para se expressar, lança mão de estruturas de significados compartilhadas, o que quer dizer socialmente construídas (nem que seja por meia dúzia de adeptos desta ou daquela corrente artística).
O drama é ainda maior para quem está na indústria cultural e joga com a audiência, situação em que a liberdade de expressão artística fica sujeita a uma regulação social mais evidente.
Neste caso, é preciso negociar a criatura artística, desde a sua concepção - e geralmente de modo tácito - junto ao público (por exemplo, as pesquisas de opinião sobre desfechos de filmes), aos produtores, aos gatekeepers, aos patrocinadores, aos agentes do governo, etc., o que acaba fazendo da coisa mais uma invenção coletiva do que uma expressão da singularidade do artista.
A propósito, sugiro a leitura do ensaio A arte como um sistema cultural publicado por Clifford Geertz em seu livro O Saber Local. É mais lenha na fogueira.
Héber,
ResponderExcluirObrigado pela visita e pelas palavras. Virei aqui outras vezes sim e também colocarei um link do seu blog no meu.
Abraço forte!
Adriano Nunes.