15.12.13

A literatura na era dos aplicativos

Leio no blog Prosa, de O Globo, sobre os dons literários do What would I say, aplicativo que gera frases aleatórias a partir dos textos publicados pelo usuário em seu perfil no Facebook.

Alguns se encantam e exaltam a criatividade do bot, pelas suas associações surpreendentes. São citadas preciosidades do tipo "ó, menina, melhor que a Sra. das folhas, a densa mistura de mel e memórias de lugar?"

Coisas assim poderiam renovar de modo inédito a própria língua, especula um erudito, enquanto um poeta vacila diante do robô, achando-se menos criativo do que a máquina.

Não me empolgo nem titubeio. Quero ver esse aplicativo produzir, de caso pensado, a beleza de Uma faca só lâmina ou um daqueles prosoemas do Guimarães Rosa. Nem por sorte - quantos lances de dados seriam necessários?

Além do que, a realização de um autor literário não está apenas no produto de sua arte - um texto cheio de imaginação e poesia -, mas no próprio exercício de escrever com a mente solta, em uma experiência de liberação e despertamento pessoal.

Leia também: As mídias sociais e a arte do romance.